domingo, março 15, 2009

28

Sábado a noite. Sem você... O que fazer?
As luzes da sala já se apagaram, meu peito já se cansou de tanto soluçar, meus olhos já secos ainda ardem de tantas lágrimas derramadas e minha boca acabou por ficar vermelha de tanto que eu a mordi.
Não. Não posso, não me permitirei arruinar, não dessa vez, não de novo. Esse teu jogo termina aqui. Chega de brincar com esse sentimento, a angústia acaba agora.
Levanto e vou até o banheiro, ligo a torneira e pego um pouco de água para jogar no rosto. Preciso de um banho.
Lentamente tiro os óculos e coloco em cima do armarinho. Solto o botão da saia e a deixo cair no chãocom suavidade. Aquela saia que você me deu no nosso aniversário. Lembra?
Faço desse ato, antes tão simples e rápido nas nossas noites de prazer, um martírio. Cada peça que cai no chão é uma memória que me afunda no peito.
Nua, por fim, me entrego as gotas frias do chuveiro que lavam os cortes recente em meu corpo. Ainda sinto como brasa a lâmina me cortando, e minhas mãos tremem só de lembrar que foi eu quem fez aquelas marcas.
Coloco a cabeça dentro da água e fico por minutos lá, apenas esfriando a cabeça.
O que fez você me deixar? O modo apaixonado como eu te olhava? Talvez todas as vezes em que eu disse que te amava, quem sabe não foi os beijos e carinhos que eu reservei só pra você, ou até mesmo meu amor incondicional.
Não sei.
Desligo o chuveiro e saio pingando pela casa vazia a procura de uma toalha. No quarto em cima da cama acho aquela que você tanto gostava, com detalhes roxos ao longo dela. Me seco e pego a camisola da nossa primeira vez.
Aquela branca, com rendinhas, que você dizia que me deixava parecendo um anjo. Visto-a sem nada por baixo. Exatamente como naquela noite.
Sento na cama e abro a gaveta do criado mudo, onde nós guardávamos as camisinhas. Lá agora só restam os frascos de calmantes que eu comprei.
Os esvazio no colo. Pego a garrafinha de água que fica sempre do lado da cama e ponho um das pílulas coloridas na boca, engolindo junto com a água.
Repito esse processo aumentando de dois em dois, e no fim de 3 minutos todos já estavam dentro de mim. Assim como aquela dor amarga que me pertubava a 28 dias.
28 dias sem você.
Não quis bilhete, acho que qualquer um perceberia os sinais que eu deixei. fechei os olhos deitando calmamente em uma posição de "descanse em paz".
Já era mais de meia noite quando perdi a consciencia. Finalmente. Paz.



Jéssica Loyana

3 comentários:

Anônimo disse...

Droga! Eu poderia chegar na parte da saia, pra fazer você feliz. Diria "fica pra próxima", mas acho que não vai ter próxima.


Ahuashuashuash, muito bom, more!

Anônimo disse...

Quanta mágua nesse seu coraçãozinho o.O

Tirando o fato de ser todo triste e melancóico ta muuuuuuito bom^^
Abandonei todos os meus contatos do msn pra terminar de ler xD

Esther Castellano disse...

Eu não sei se fico com medo ou se simplesmente me tranqüilizo pensando que é mais um dos textos maravilhosos vindos de uma menina talentosa.